segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Socialismo ou Barbárie!



Reportagem do Clube mundo - Geografia e política 21/11/2007 Volver a los 17?

Karl Marx alertou sobre o fato de que o capitalismo desenvolveria ao
máximo as forças produtivas, até o momento em que o modo de produção,
baseado na propriedade privada e na busca incessante de lucro, se
tornaria um impedimento ao seu livre desenvolvimento; se o capitalismo
não fosse substituído por outro sistema, mais desenvolvido e mais
humano – isto é, o socialismo -, as forças produtivas seriam
transformadas em forças destrutivas. Vamos entender isso um pouco
melhor.
Em linhas bem gerais e esquemáticas: as forças produtivas são a
própria natureza, a ciência e a técnica (ct) e o próprio ser humano.
Ao longo da história, o ser humano, na luta para domesticar a
natureza, organizou-se das mais distintas formas, assim desenvolvendo
a ct. A maneira pela qual as sociedades se organizam (modo de
produção) sempre corresponde a um determinado grau de desenvolvimento
das forças produtivas. Por exemplo: o capitalismo, na era industrial,
permitiu o tremendo desenvolvimento da ct, até o ponto que conhecemos
hoje; tal desenvolvimento não poderia ter acontecido, digamos, no
feudalismo, pois a condição para o desenvolvimento da indústria foi a
existência simultânea do burguês empreendedor e do trabalhador
assalariado, isto é, o modo de produção capitalista.
A coisa toda funciona bem até o ponto em que o crescimento das forças
produtivas é emperrado pelo modo de produção. Aqui, surge uma questão
vital: o capitalismo é capaz de desenvolver ao infinito a ciência e a
técnica. Daí, muitos concluem que o socialismo não está colocado na
ordem do dia, segundo o raciocínio de Marx, para quem só pode haver a
revolução no caso de uma contradição entre a evolução das forças
produtivas e o modo de produção. Mas esse argumento é vulgar. Para o
marxismo, não há uma equiparação, uma equivalência, um sinal de
igualdade entre as forças produtivas. O ser humano é o centro da
preocupação de Karl Marx.
Isso significa que o desenvolvimento da ct só tem significado se ele
servir para aumentar o bem-estar do ser humano, seu acesso às riquezas
culturais e naturais, às condições dignas de vida. Não é, em hipótese
alguma, aquilo que o capitalismo produz.
É verdade que o ser humano criou uma estação espacial, lançou robôs
interplanetários, domina vastas áreas da biologia, é capaz de obras
monumentais etc. etc. E daí? Vamos nos deter, por exemplo, na questão
alimentar, a mais básica e sagrada para todo ser humano.
Em 1950, quando o planeta era habitado por 2,5 bilhões de pessoas, a
humanidade em seu conjunto era capaz de produzir uma quantidade média
de 2.500 calorias por dia por habitante. Hoje, quando somos 6 bilhões,
somos capazes de produzir 2.750 calorias por dia por habitante. Isto
é, mesmo com o acelerado crescimento, produzimos mais alimentos do que
o necessário, graças às novas tecnologias. Mas aumenta o número de
famintos no mundo. As resoluções da ONU já não falam em "erradicar a
fome", como postulavam até o início dos anos 80, mas falam em
alimentar "metade dos famintos". Como eles são calculados na casa do
bilhão, então a ONU condena a morrer de fome pelo menos 500 milhões de
seres humanos!
É a isso que Marx se referia, quando falava em crescimento das forças
destrutivas. O mesmo raciocínio pode ser estendido a todos os outros
setores vitais, como medicina e saúde, educação, lazer etc. Os
benefícios do capitalismo só são estendidos aos que têm dinheiro para
pagar por eles. E mesmo assim, quando o sistema é tomado em seu
conjunto, vemos que a competição desenfreada entre os vários grupos
capitalistas conduz o planeta ao desastre global.
É esse o quadro que indica a total, urgente, vital atualizada da
revolução. Se a experiência soviética sucumbiu, isso não significa o
fim da luta pelo socialismo, nem prova o suposto fracasso histórico do
marxismo. Prova, apenas, que o socialismo é incompatível com a
burocratização da sociedade, com o autoritarismo; em uma palavra, com
o stalinismo. Ao contrário, mais do que nunca vigora a alternativa
posta por Rosa Luxemburgo e por todos os marxistas que não se deixam
seduzir pelo canto vulgar das possibilidades impossíveis do
capitalismo: socialismo ou barbárie!

José Arbex Jr.

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